Thursday
Jul072016

2016 - Um Ano 9

Como tudo quanto existe no Universo, nós também nos movimentamos em ciclos periódicos. Experimentamos períodos pessoais e outros mais abrangentes. Cada ano, por exemplo, possui, de acordo com o resultado do somatório de seus algarismos, uma vibração sentida por todos nós: é o que chamamos ano universal. O ano universal é sentido da mesma forma para todos, enquanto os períodos pessoais variam conforme a data de nascimento de cada um.

            O ano de 2016 quando reduzido apresenta um total 9 (2+0+1+6 = 9), que indica o tipo de acontecimentos ou atividades que poderemos esperar que o mundo encare. Estaremos vivendo um ano universal 9, época de mudanças, transição e finalizações.

                Em paralelo ao ano universal, cada um de nós estará sentindo as vibrações de seu ano pessoal, que sofre as influências do dia e mês de aniversário. O ano pessoal é o resultado reduzido do somatório do dia + mês de nascimento + o ano universal. Se você nasceu, por exemplo, em 15 de abril, seu ano pessoal será 1 (15 + 4 + 9 = 28; 2+8 = 10; 1+0 = 1). Estará vivendo um ano de reinícios, novas ideias, de planos progressistas e realizações. Mas atenção: some 9 (2016) somente após o seu aniversário. Até o dia do seu aniversário some 8, pois você ainda estará sob a vibração de 2015. Deve-se somar o dia, mês e o ano do último aniversário. Se, por exemplo, seu último aniversário aconteceu em 15 de agosto de 2015, você deverá somar 15 + 8 (agosto) + 8 (2015) = 31; 3 + 1 = 4. Você estará vivendo um ano 4 até a véspera do seu próximo aniversário. 

Então, lápis e papel na mão... E veja qual dessas vibrações está reservada para você:

 

Ano 1 - Época de inícios, de planos progressistas e realizações. Inicie tudo o que planejou no ano passado.

 

Ano 2 - Ano de paz e tranquilidade. Será necessário tato, diplomacia e paciência no trato com os outros. Cuidado com alguma carência afetiva e esteja pronto para apoiar a quem precisa de sua ajuda.

 

Ano 3 - A vida social estará em alta e poderão surgir oportunidades para que realize aqueles cursos que vem sendo adiados. Seu humor e otimismo deverão lhe trazer amizades e felicidades.

 

Ano 4 - Este será um ano prático e de trabalho. Cuide melhor de sua saúde e enfrente novas responsabilidades. Não adie o que deve fazer hoje. Aprenda a valorizar as tarefas pequenas e rotineiras.

 

Ano 5 - Ano favorável às viagens, mudanças e grandes paixões. Cuidado para não gastar além do que ganhar. Não troque de metas ou objetivos apenas para experimentar o novo.

 

Ano 6 - Ano de responsabilidades e deveres domésticos. Será importante saber dar e servir com amor e dedicação para poder receber alguns frutos. Aceite as pessoas como são sem tentar modificá-las.

 

Ano 7 - É um ano de estudos, de especialização e de se dedicar às atividades intelectuais. Cuidado com a tendência a querer ficar só; você poderá precisar de amigos depois.

 

Ano 8 - É tempo de colher o que foi semeado e cultivado desde o ano um. A razão deve predominar sobre as emoções e os sentimentos. Cuidado com o excesso de materialismo.

 

Ano 9 - Este é um ano de terminar o que ficou por fazer e permitir que as coisas antigas se vão. A saúde poderá precisar de cuidados e poderão acontecer perdas em finanças ou em amizades, por isso muito cuidado com o que vender, comprar ou assinar: redobre sua atenção.

 

            Se o somatório for um número maior que 9, some os dois dígitos para encontrar apenas um. Afinal, tudo no Universo está sujeito a ciclos progressivos que vão do 1 ao 9. Quando chegamos ao 10, porque 1+0 = 1, começamos tudo novamente.

            Para enfrentar as energias desse novo ano, tenha com você uma ametista, que dá coragem e força de vontade, opera as transformações necessárias à nossa vida e renova as energias do ambiente.

 

                                                                       Boa sorte. Aproveite para descartar-se de tudo o que não tem mais real importância.

 

 

 

 

 

 

Thursday
Jun302016

A Dança Cigana

A expressão Dança étnica é assim designada para falar sobre a dança que em seus movimentos manifesta ritmos, traços, tradições e ou crenças de um determinado grupo étnico. É assim que os ciganos procuram, com seus passos determinados, mãos em delicados arabescos, pés em volteios sedutores e ritmos fortes, manifestar a história, poesia e fé do povo cigano.

A dança cigana é uma dança altamente contagiosa. A alegria, a exuberância das cores, os gestos que trazem o feminino à tona, a sensualidade e o prazer de se entregar a um ritmo que une coração, alma e misticismo. A dança cigana é uma dança solta, da alma. Dizem os antigos, que os ciganos dançam para atingir a verdadeira essência da Deusa ou do Deus interior e superior. Por isso, dificilmente, os ciganos fazem coreografias; dançam soltos e livres, colocando em cada movimento suas emoções.

Dançar ao ritmo cigano não é apenas reproduzi-lo em movimentos; a dança é uma oração única, onde o bailarino tem a oportunidade de mostrar quem é, ou seja, seu ser, sentimentos, sonhos, a sabedoria que adquiriu em sua jornada e tudo que ainda busca, sua comunhão com a natureza e o sagrado, descobrir que faz parte de um todo divino chamado Universo.

“Com a cabeça levantada demonstra o poder de sua raça, o bater dos pés na terra clama a força desse elemento para bailar, as mãos para o alto pedem licença para exaltar a natureza, com a força feminina entrega-se ao ritual da dança e banha de beleza e mistério o espetáculo cigano. O barulho das moedas e pedras também tocam música no ritmo do rodopiar da cigana, as palmas envolvem e alimentam a força da cigana, que na sua oração saúda os presentes na comunhão do sagrado e da alegria.” Sumaya Sarran.

O povo cigano respeita e cultua os quatro elementos da natureza - terra, fogo, água, ar e éter - e os representam, na dança, através  do que usa ao dançar: o leque, lenço ou xale, rosa, pandeiro, fitas coloridas, véu, tochas, punhal, cada com um significado especial, que complementa e objetiva as mensagens que quer passar.  Seu uso ou não nas danças ciganas depende dos costumes do grupo ou das famílias, os lugares pelos quais passaram e quanto tempo ficaram, as afinidades e as suas ascendências:

Leque: O leque passeia há séculos nas mãos das mulheres, mas seu uso prático pouco tem a ver com os aspectos valorizados pela cigana ao dançar. Da maneira que se abre pode representar as fases da lua e da mulher, seus reais desejos ou apenas o que quiser demonstrar. É um poderoso instrumento de limpeza energética, magia para a cura e sedução. Sendo assim, está constantemente nas mãos espertas de uma cigana, atraindo a atenção para seu mistério e poder. O leque é mais característico nas danças kalóns, mas pelo seu encanto as mulheres que gostam, usam-no sempre que podem na sua dança. Representa o elemento ar , o amor, a sensualidade e a limpeza.

Xale: Representa o mistério e a magia do elemento fogo. Dançar com o xale é agradecer todas as dádivas ao criador, a sua força, o poder de ser mãe, o poder de seduzir o seu amor e também proteção e família. É usar toda poesia, força e magia. Representa também união, casamento e amor. O lenço é encantador quando seguro delicadamente nos dedos da cigana, envolvendo-a de mistério e aos poucos revelando sua beleza e poder. Ao dançar com o lenço, seus desejos, sentimentos e sonhos são movidos pelo deslizar do lenço pelo ar, no transe da música, livre como o vento e infinito como o céu. O lenço também transforma e limpa o ambiente, e pode representar pedidos ou coisas da vida que queremos mudar ao dançar. É uma das danças ciganas femininas mais belas, por isso pode ser encontrada de várias formas nas danças de todos os grupos ciganos.

Rosa: Elemento terra. Representa o amor, a beleza, a conquista, sedução e a sensualidade. É a beleza interior e a exterior. Os ciganos dançam, muitas vezes, com uma rosa presa entre os dentes, para presentear a mulher que está envolvida na dança.

Pandeiro: Dança dos quatro elementos, denota a alegria e sugere uma festa. Serve também para purificar o ambiente. O pandeiro traz a alegria do sol, saudando-o com inúmeras fitas coloridas, representando seus raios protetores e vivos. Como todo instrumento que faz barulho, ele tem como função expulsar os maus espíritos ou energias negativas, abrindo caminho para o povo festejar. Sua mensagem é mover, transformar o que está parado em ritmo, revigorar o nosso corpo com a alegria e o calor da dança, assim como o sol faz conosco. O uso das fitas pode ter nascido como um calendário para marcar eventos importantes e a idade; para saudar a chegada da primavera; para representar, através das cores das fitas, pedidos ou bênçãos. É mais utilizado nas danças do grupo Rom, acompanhando violinos e outras percussões.

Fitas coloridas: Elemento água. Representa as lágrimas de alegria e tristeza derrubadas pelo povo cigano. Representa também a comemoração, a limpeza, alegria e infantilidade. Dançar com fitas é quase uma brincadeira de criança, alegra qualquer tipo de ambiente, festeja os nascimentos e casamentos. Os movimentos das fitas rodopiantes manifestam o ritmo da vida e a alegria de fazer parte dela. As fitas são mais utilizadas nos ritmos rons, porém podem ser usadas em qualquer ritmo alegre.

Véu: Representa o elemento ar e expressa a leveza do corpo e a sensualidade.

Dança dos sete véus: Geralmente usada como uma despedida de solteiro. Representam as sete cores do arco-íris, simbolizando o amor e a sensualidade. As cores dos véus simbolizam os quatro elementos.

Tochas: Mostra a fúria e o poder do fogo. Representa a purificação e a limpeza pelo fogo.

Dança do punhal: Elementos ar e terra. Os ciganos sofreram muitas perseguições por seus conhecimentos esotéricos. Bruxos, feiticeiros, sacerdotes, ciganos… todos tiveram que adaptar seus cultos para que não fossem presos. A maioria passou a utilizar elementos do dia a dia em seus rituais e os transformaram em mágicos. Os ciganos passaram a usar o punhal e a adaga. As mulheres geralmente preferem os punhais, mais estreitos e delicados. Os homens preferem as adagas, mais largas e boas para briga, embora seja um povo essencialmente pacífico.

O punhal significa lutas, disputas, fúria e pode simbolizar a limpeza do ambiente e do corpo. Representa o corte, a força e a limpeza. Na dança ritual, o punhal é usado para realizar curas e magias. A maneira de trabalhar pode variar a cada clã ou família, mas geralmente mentalizam as forças da natureza e fazem movimentos que evocam os quatro elementos, de acordo com o que desejam.

Há muitas lendas e histórias sobre lutas, batalhas, brigas com punhal. Nem sempre são verdadeiras, mas certamente representam a luta e a força dos ciganos. No bailado de desafio, essa força é representada. O ideal é que não seja dançado sozinho, e sim, em dupla, para que haja troca de energia. Mas lembre-se: coloque sua força no olhar, dance, sinta o prazer do desafio e, ao final, cumprimente sua parceira de dança. A dança de desafio é só uma representação e acaba quando a música termina.

Dança dos quatro elementos: Feita com representações dos quatro elementos como: Vela, incenso, jarro d'água e sal. Significa magia e limpeza do ambiente.

Saia – Representa toda a força cigana, a sedução, respeito e alegria e quanto mais rodada a saia, maior é a sua força. Bater a saia é limpar, ordenar ou mesmo harmonizar as energias que estão desequilibradas. A saia guarda o nosso útero, e ser mãe é uma dádiva divina.

Bater Palmas: Bater palmas é um ato para saudar as alegrias da vida e homenagear os espíritos dos antepassados, sempre com o ritmo da música.

Quem se dedica à dança cigana segue os passos do coração. Dançar eleva a autoestima e faz redescobrir a sensualidade e reencontrar o seu lado feminino. Por ser a dança cigana mágica, reflete a alegria de um povo, que trás consigo o mistério através dos passos e dos movimentos que saúdam, invocam e fazem fluir a mais bela e elevada vibração energética.

A Dança Cigana não só faz bem ao corpo, mas também à alma. Formada por vários ritmos e coreografias diferentes, cada qual com seu significado, num composto de leveza, alegria e sentimentos.

Thursday
Jul022015

Os ciganos no Brasil

Não se tem muitos documentos a respeito da história dos ciganos porque sua língua é ágrafa, sem grafia, não existem registros escritos. A informação nos é chegada através de afirmações orais nem sempre comprovadas.

            Somente no final do século XVII é que podemos ver generalizados o degredo de ciganos para o Brasil. Bandos deles, provenientes de Castela, entravam em Portugal. Sua Majestade D. Pedro, rei de Portugal e Algarves, preocupadíssimo com a “inundação de gente tão ociosa e prejudicial por sua vida e costumes, andando armados para melhor cometerem seus assaltos”, decidiu determinar, por decreto, que, além do degredo para a África, eles seriam também banidos para o Brasil: “Tendo resoluto que os ciganos e ciganas se pratique a lei, assim nesta corte, como nas mais terras do Reino; com declaração que os anos que a mesma lei lhes impõem para África, sejam para o Maranhão, e que os Ministros que assim o não executarem, lhes seja dado em culpa para serem castigados, conforme o dolo e omissão que sobre este particular tiverem.” – Decreto em que se mandou substituir o exílio da África para o Maranhão, in F. A. Coelho, Os Ciganos de Portugal, Lisboa, Imprensa Nacional, 1892.

            Esta resolução real foi estabelecida em 1686, mas a história dos ciganos no Brasil teve início realmente quando, em 1574, durante o reinado de D. Sebastião, o cigano João Torres veio degredado para o Brasil com sua mulher e filhos por cinco anos.

            A Metrópole despejou seus “criminosos” nas terras coloniais ultramarinas, particularmente no Brasil e na África. A colônia, por sua vez, mandou seus elementos indesejáveis e “gentes inúteis” para outras capitanias e continentes.

            Em Minas Gerais, a presença cigana é sentida a partir de 1718, quando chegam ciganos vindos da Bahia, para onde haviam sido deportados de Portugal. Na época em que começaram a chegar em Minas Gerais havia neste estado um movimento muito importante com objetivos de progresso e ideais de independência. Como essas ideias não estavam consoantes com os ciganos, eles não eram bem vistos, sendo considerados inúteis à sociedade, vândalos, corruptores de costumes. Só começaram a ser vistos de outra forma quando passaram a comerciar escravos pelo interior do país. Esta atividade proporcionou uma maior aceitação e mesmo valorização social dos ciganos, já que passaram a exercer um trabalho reconhecido como útil por grande parte da população. Alguns ciganos tornaram-se ilustres, patrocinando até festividades na Corte.

            No Rio de Janeiro, nos anos de 1700, os ciganos se estabeleciam nas cercanias do Campo de Santana. Suas pequenas casas, guarnecidas de esteiras ou rótulas de taquara, cercam o campo, dando origem à chamada Rua dos Ciganos (Rua da Constituição). Os ciganos festejavam Santana, a quem chamavam de Cigana Velha.

            Nas últimas décadas, pesquisadores concluíram que os ciganos no Brasil estão divididos em dois grandes grupos: Rom e Calon.

            O grupo Rom é dividido em vários subgrupos, como os Kalderash, Matchuara, Lovara e Tchurara.

            Do grupo Calon, cuja língua é o caló, fazem parte os ciganos que vieram de Portugal e Espanha para o Brasil. São encontrados em maior número no nordeste, Minas e parte de São Paulo.

            A Constituição de 1988 quase teve um artigo específico para os ciganos  estabelecendo o respeito à minoria cigana. O então deputado Antonio Mariz propôs emenda proibindo a discriminação étnica ou racial.

            Mesmo assim, os ciganos estão abrangidos pela grande proteção dada pelos artigos 215 e 216 da Constituição, que manda preservar, proteger e respeitar o patrimônio cultural brasileiro, o qual é constituído pelos modos de ser, viver, se expressar, e produzir de todos os segmentos étnicos que formam o processo civilizatório nacional.

            Como toda minoria étnica(religiosa ou linguística), os ciganos têm direitos importantes. O primeiro deles é o direito de não ser objeto de discriminação.

            Afinal, um povo fascinante, amante da natureza, que sabe respeitar suas crianças e seus anciãos, que preserva suas origens e tradições apesar de toda perseguição e barbaridades sofridas, merece ser respeitado.

            Não adianta amarmos nossas entidades ciganas, promovermos festas em sua homenagem, se não tivermos um mínimo de respeito e consideração por sua raça.

                                                                                                        Optchá!

 

Saturday
May232015

Por Dom José Edson Santa Oliveira Bispo da Diocese de Eunápolis – BA

SEXTA, 22 MAIO 2015 16:21     CNBB


Por ocasião do Dia Nacional dos Ciganos, celebrado no domingo, 24 de maio, a Pastoral dos Nômades da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou nota saudando o povo cigano e os agentes de pastoral "que dão suas vidas para levar Cristo" àqueles que sofrem com a invisibilidade perante a sociedade. O texto, assinado pelo bispo de Eunápolis (BA) e referencial da Pastoral, dom José Edson Santana Oliveira, convida para a reflexão sobre a realidade dos nômades do Brasil e propõe a superação das relações de suspeita, preconceito e desconfiança.

Leia na íntegra:

  24 de maio: Dia Nacional dos Ciganos



A Pastoral dos Nômades do Brasil parabeniza todo o povo cigano pelo seu dia! Agradece também a todos os seus Agentes de Pastoral que dão suas vidas para levar Cristo a estes nossos irmãos e irmãs “invisíveis”.

Hoje é dia de festejarmos, de nos alegrarmos por esta data especial! Não obstante, é também dia de convidarmos os ciganos e não-ciganos, dentro e fora da Igreja, a refletir sobre a realidade cigana no Brasil.

A Igreja no Brasil, através de suas diretrizes, nos convida a apoiar as iniciativas de inclusão social e os direitos das minorias (DGAE 117). Diante disso, unamos nossa voz aos milhares de ciganos e ciganas que lutam em defesa de seus direitos, principalmente o direito de ir e vir e permanecer; o direito da inviolabilidade de suas barracas e a preservação de sua cultura.

A Pastoral dos Nômades coloca-se contra toda forma de discriminação e racismo contra o povo cigano. Povo este que há muito vem contribuindo com valores abandonados pelos não-ciganos, como, por exemplo, a valorização da cultura, não se deixando levar por modismos, além da valorização da criança e do idoso, tendo sempre a família como base de toda sua ação.

Aproveitando esta data, convidamos a todos a darmos um passo mais significativo em nossa ação evangelizadora: sairmos de uma relação de suspeita e entrarmos numa relação de confiança. E, para superarmos esta desconfiança, precisamos de gestos concretos de solidariedade cotidianamente.

Que o Bem-Aventurado Zeferino, cigano e mártir, interceda a Deus por cada um de nós, para que abramos nossos corações e, com ele aberto, acolhamos o cigano como o irmão e a irmã que Deus nos enviou para caminharmos juntos rumo à Terra Prometida, onde viveremos como uma grande família e onde teremos vida e vida em abundância.



Dom José Edson Santa Oliveira
Bispo da Diocese de Eunápolis – BA
Referencial da Pastoral dos Nômades

Tuesday
May122015

VALORES DO POVO CIGANO

“Não construímos casas para habitar nelas, nem possuímos vinhas, nem campos de sementeiras, vivendo debaixo de tendas...” (Jeremias 35,9-10).

Vivemos em um mundo onde as grandes referências de nossa vida tem sido deixadas de lado, referenciais como a família, a partilha, à indissolubilidade do matrimônio, a religiosidade e outros. Essa ausência dos valores e dos referenciais tem tornado a sociedade frágil e facilmente direcionada para caminhos que não nos leva para experiência de vida com dignidade.
Esses dias fazendo uma reflexão sobre os valores modernos e a vida dos ciganos percebi que temos muito que aprender com esta cultura que, ainda mantém alguns valores essências para nós, como por exemplo:
A partilha: Em um acampamento cigano consegue-se se fazer a experiência da partilha, que foi um pedido feito desde dos tempos dos primeiros cristãos, "Os cristãos tinham tudo em comum" (At. 2, 44). Em um acampamento cigano uma família jamais passa necessidade, pois o pouco que se tem é divido entre todos;
Valor das crianças: A criança é considerada como Benção de Deus para a família. Não conheço uma criança cigana que tenha sido deixada em um orfanato. As famílias ciganas são numerosas, pois não usam nenhum tipo de contraceptivos e a pessoa é valorizada desde a fecundação até a morte natural. Na tradição cigana, a pessoa nunca é descartada como um objeto frio e sem valor. A criança é futuro do grupo e desde cedo ela é formada para isso, é tratada como um valor em si, para levar adiante os valores fundamentais da vida;
Valor do idoso: O idoso é considerado como o portador da experiência. Poderíamos dizer que como se fosse uma biblioteca ambulante, por isso nada vai adiante em um acampamento cigano, sem antes ser ouvida a opinião do ancião, sempre a última palavra é dele. Em todos estes, mais de 40 anos, de trabalho pastoral com os ciganos nunca encontrei um cigano em um asilo de idosos;
Valor da Família: Os ciganos vivem em função da família, não conseguem viver fora dela, toda a sua vida e os seus negócios, são em função de que a família possa viver com dignidade. Por isso, os casamentos são bonitos, bem preparados e com um fato muito importante, são indissolúveis. O casamento é visto como o início de uma nova família sobre as Bênçãos de Deus;
Valor da religiosidade: Os ciganos, em sua maioria são religiosos, dificilmente você encontra uma criança cigana que não seja batizada e um casal que não seja casado na Igreja. É muito comum que nas barracas ou nas casas haja um oratório com um santo de devoção. O que me chama a atenção é a confiança que o povo cigano tem em Deus, pois tudo da vida deles é entregue a Deus; a proteção da barraca ou da casa em que vivem. Geralmente expostos ao tempo e ao vento, a chuva; o alimento é conquista para aquele dia, outro dia confiam que Deus vai providenciar. É importante valorizarmos este abandono total nas mãos de Deus e a confiança na sua Divina Providência.
Estes são alguns exemplos, dos vários que podemos pegar do povo cigano, povo que tem uma cultura milenar, e que mesmo sendo excluído, tornado invisível, consegue manter valores que a nossa sociedade moderna tem abandonado, por isso consegue manter a sua cultura forte, ao contrário da sociedade atual que cada dia tem vivido mais uma realidade de desmantelamento de valores essenciais para o bem de todos.
Somos eternos nômades, em busca de Deus.

Dom José Edson Santana Oliveira
Bispo diocesano de Eunápolis
Costa do descobrimento
Referencial da Pastoral dos Nômades

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